Estudos e Entrevistas

Hormônios da natureza: aumenta a busca por tratamentos terapêuticos naturais.

O que acontece com a mulher quando ela entra na menopausa? E quando a terapia de reposição hormonal (TRH) é indicada?

Todos os sintomas decorrem basicamente da diminuição da produção de estrogênio pelos ovários. Ocorre, então, a atrofia de vários tecidos, como pele, cabelo e genitália, levando a uma aparência de envelhecimento. Além disso, as alterações de metabolismo podem levar ao aumento do colesterol (e, por conseqüência, do risco cardiovascular), à perda de massa óssea, a alterações do tecido nervoso, levando a ansiedade, fogachos (calores da menopausa) e até depressão. Portanto quando tais sintomas ocorrerem e estiverem alterando a vida das pacientes, a reposição hormonal está indicada.

As mulheres estão migrando para a terapia de reposição hormonal “verde” depois de toda a avalanche de efeitos colaterais suspeitos do tratamento convencional?

Após as diversas reportagens enumerando complicações da TRH sintética, as pacientes começaram a procurar outras possibilidades terapêuticas para a condução dos problemas, principalmente os calores e as alterações vasculares. Muitas ainda acham que o melhor seria nada fazer, esperando que os sintomas diminuam com o tempo. Aquelas que optaram pela fitoterapia têm, em geral, bons resultados a médio e longo prazo. No momento, estamos recebendo pacientes no quinto ano consecutivo de uso dessas substâncias naturais, sem efeitos nocivos detectados até o momento.
 
Para as mulheres que ainda vão começar o tratamento, o senhor indica qual tipo de tratamento? Como conduz atualmente os tratamentos de reposição hormonal?

O gérmen de soja constitui-se não só numa alternativa para o tratamento dos sintomas de climatério, mas principalmente numa forma de profilaxia desses sintomas e de outros problemas clínicos que são característicos da meia-idade, tais como: problemas digestivos (constipação, má absorção), aumento do colesterol, problemas cutâneos, entre outros. Portanto, recomendo seu uso até mesmo antes da ausência completa dos ciclos menstruais. Observo ainda que tal visão profilática pode ser estendida também para os problemas masculinos. 

Em relação à conduta no climatério, minha primeira abordagem sempre é a fitoterápica, tentando repor as necessidades da paciente sem lançar mão dos sintéticos.

Observo que mais de 80% respondem bem a essa abordagem. Caso não consiga os efeitos desejados, associo os hormônios convencionais aos fitoterápicos, sempre na menor dose possível. Importante lembrar que o acompanhamento para todas as pacientes é sempre o mesmo, independentemente do tipo de hormônio que elas utilizam. Consiste de exames de sangue, mamografia e densitometria óssea. Muito importante é informá-las que os efeitos dos fitoterápicos não são imediatos, como é o caso dos sintéticos. São necessários três meses, no mínimo, de uso constante para que se consiga uma redução significativa dos sintomas. Além disso, uma boa alimentação, com poucos farináceos, açúcares e gorduras, além de muitos vegetais, vai acelerar o efeito benéfico. Portanto, tais pontos devem ser bem esclarecidos, pois, muitas vezes, a paciente abandona o tratamento no primeiro mês de uso, quando poderia se beneficiar caso tivesse esperando um pouco mais.
 
Profundo estudioso da soja que é, como o senhor elege o suplemento alimentar do gérmen da soja no combate aos sintomas da menopausa?

Podemos observar que a vantagem desses suplementos está na seletividade de estímulo hormonal. Sabemos que as isoflavonas (o princípio ativo mais importante) fornecem uma estimulação preferencial para receptores estrogênicos do tipo beta, encontrados na pele, no sistema nervoso, no sistema cardiovascular, nos ossos e nas mucosas, mas em baixíssima quantidade no útero e na mama. Por isso, podemos utilizá-los em longo prazo, sem medo de provocarmos uma hiperplasia da mama ou do endométrio, o que poderia levar ao câncer destes órgãos.

Este tem sido o grande diferencial em relação aos hormônios convencionais.

Pesquisas comprovaram e o próprio FDA indica o consumo diário da soja no combate ao colesterol. Quais são as funcionalidades do gérmen que permitem que a soja atue no organismo para estabilizar o colesterol “ruim”?

As proteínas da soja, bem como outras substâncias nela associadas, concorrem para a redução do colesterol, principalmente por duas vias: aumento da produção e da excreção de sais biliares para o tubo digestivo (aumentando assim a metabolização das gorduras) e diminuição da absorção do colesterol a partir da luz intestinal. Tais efeitos, juntamente com uma dieta adequada, concorrem para a melhora do perfil lipídico sem os efeitos colaterais encontrados em certos medicamentos (sinvastatina, clofibrato, etc.). Além disso, melhoram a função intestinal, diminuindo a constipação.
 
Quais os conselhos que o senhor dá às mulheres que vão ao seu consultório e estão receosas com os tratamentos de reposição hormonal?

Posso dizer que com os fitoterápicos temos muito mais segurança para melhorar a condição de vida dessas pacientes. Até o momento, não existem provas científicas de que tais substâncias aumentem o risco vascular ou a freqüência de câncer, mesmo no uso em longo prazo. Além disso, relaciono as possibilidades decorrentes da ausência de algum tratamento, tais como hipertensão, depressão, alterações do sono e osteoporose. Em geral, as pacientes são bem receptivas a tais argumentos. Após o sucesso terapêutico, garantimos o uso em longo prazo, sempre ressaltando a importância do bom acompanhamento. Em minha experiência pessoal, temos ajudando muitas mulheres, mesmo aquelas que estão mais próximas da terceira idade (65 anos ou mais).

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Dr. Décio Luiz Alves

Dr. Décio Luiz Alves

Médico Ginecologista